5 de outubro de 2011

ENTREVISTA COMPLETA E TRADUZIDA DA GQ MAGAZINE!




Hollywood é um lugar difícil de se esconder. Especialmente quando todos a sua volta parecem dispostos a comprar a própria avó para serem vistos, ouvidos, filmados, pagos, depois vistos, ouvidos, filmados e pagos (o dobro) para fazer a sequência (em 3-D) com Jason Flemyng (interpretando o vilão), Andy Serkis (como o animal curiosamente inteligente com um rancor contra a humanidade) e Hans Zimmer (dominando a trilha-sonora). Mas como diria grande parte dos agentes de LA: se é uma vida calma e quieta que você procura, então você deveria ficar o mais longe que suas pequenas pernas podem te levar de Hollywood. Sai fora do jogo. Volte a sua fazenda em Albuquerque, New Mexico. Vá para casa. Tenha filhos. Ensine. Esqueça sobre sua boba fantasia de estrela de cinema…





Mas você quer ser uma estrela? Você quer ser famoso ? Então pule do sofá, doçinho, e eu te encontrarei – sem o seu facilitador – esta noite no Chateau, quarto 69, para falarmos sobre sua “motivação”. Oh, mas você quer ser um ator ? Alguém respeitado por seu trabalho ? Bem, eu ouço que tem alguém implorando por um duplex ao lado do condomínio de James Lipton em TriBeCa. Depois de cinco anos de entrevistas e audições falhas, te verei na Mel’s Drive-In na Sunset Bouvelard, onde você estará servindo mesas para o resto da sua arrogante, triste, solitário, preciosa vida. Anote meu pedido! Suco de laranja fresco, panquecas de trigo, um prato de huevos rancheiros com dois ovos e um pedaço de nunca-vai-acontecer. Quanto tempo, doçinho. E feche a porta – da sua carreira – enquanto você sai.





*Bam!*





Tal cena pode estar um pouco distorcida, mas não significa que nunca acontece. Para ser uma estrela em Hollywood requer um golpe de sorte, um programa reality show de TV, um pit bull para um agente, redenção para os vícios, problemas com dirigir alcoolizado e uma recaída espetacular ou, no mínimo, uma fatia generosa do suado nepotismo. Para ser um ótimo ator, porém – não importa o quão cético você seja sobre a indústria – ainda requer talento.





Agradecidamente, Kristen Stewart – a bela estrela de 21 anos da franquia Twilight– não é de Albuquerque, não tem primos caipiras (que nós estamos cientes), nunca intencionalmente pulou fora do joelho de um agente (a menos, claro, se foi para atingir sua cara com seus punhos – com três irmãos mais velhos a criança pode se cuidar) nem esteve em algum lugar perto da indústria Mecca que é o infame Chateau Marmont. Em resumo, sem ser a sua conta bancária (Forbes colocou sua lista de ganhos junto de Julia Roberts no começo desse ano) não tem nada remotamente “Hollywood” sobre Kristen Stewart.





Na verdade, esse último sendo mentira. Kristen tem ido ao Chateau. Cerca de um milhão e meio de vezes. E falar que não é realmente seu tipo de lugar seria como dizer Dominique Strauss-Kahn irá lutar para contratar alguma ajuda. É apenas dado.





“Eu apenas acho que se nós fossemos lá [no Chateau]. Eu estaria olhando atrás dos meus ombros o tempo inteiro.” Concorda Kristen enquanto nós pegamos nossos lugares no poeirento restaurante mexicano, cerca de uma hora dirigindo de qualquer lugar que remotamente tenha semelhança a civilização. Achado nas montanhas de Topanga Canyon, o lugar é uma cabana simples aonde cada cerveja fria vem com uma cesta de plástico vermelha com nachos quentes e salsa doce feita em casa. O lugar me lembra todas as salas de espera das montanhas russas da Disney que eu fui. “É o único lugar que eu ainda posso vir em LA, onde eu tenho invisibilidade. E” – suas delicadas, lindas, refinadas caracteristicas perdem todo o humor de repente – “Eu gostaria de manter isso assim.”





É claro que Kristen é ferozmente protetora com os arredores da sua casa. Mesmo nessa casa segura, sua voz freqüentemente cai para um sussurro conforme outro cliente faz barulho através da porta dos fundos da cabana. Eu não chamaria isso de paranóia, mas ela obviamente fica um pouco nervosa perto de estranhos. Especialmente jornalistas. Não surpreende. Desde que foi anunciado em 2007 que ela interpretaria Isabella “Bella” Swan na adaptação do sensacional sucesso de Stephenie Meyer ‘Twilight’, Kristen tem sido assistida.





E assistida. E assediada. Perseguida. Caçada. Online. Por paparazzis. Por fãs. Por haters. Por admiradores. Por mães e seus gatos. Por garotas pré-púberes desesperadas para colocar suas garras em Edward Cullen, o personagem interpretado pelo seu co-star Robert Pattinson. Em LA. Em Hollywood. Na Grã-Bretanha. Escócia. Isle of Wight. Em taxis. Em premieres. Nas férias. Trabalhando. Sem trabalhar. Enquanto dorme. Nos seus sonhos. Nos seus pesadelos. Dizer que o sucesso da franquia vampírica virou a vida de Kristen de cabeça pra baixo (em maneiras brilhantes, mas também assustadoras) até que ela não saiba mais em que caminho vai sua coragem é um eufemismo. Mas agora, finalmente, assim como foi o verão passado para aqueles malditas crianças Potter, “Tudo termina.”





“Sim, nós acabamos. Filmamos cada cena.” O próximo mês é o lançamento de A Saga Twilight: Amanhecer – parte 1, enquando a parte dois, numa verdadeira franquia moderna, estilo sugador de dinheiro, vai ser lançada em novembro de 2012. Então, Kristen está aliviada que tudo está finalmente acabado? O que ela dá é um sorriso torto, que então se torna um sorriso tão largo que você poderia estacionar uma canoa. “É tão estranho em uma carreira sentir que um capítulo está se fechando, mas tem algo finalizado sobre esse último. Sem mais épicas, icônicas cenas…”





A menos que você seja um dos milhões de fãs de Twilight – ou “Twihards” como os mais fanáticos são conhecidos -, você está sem dúvidas desavisado sobre toda a histeria. Para os Twihards, entretanto, esse último filme é o grande momento, quando a cruel abstinencia dá lugar a um abandono devasso (isto é, quando Bella e Edward fazem ‘aquilo’ numa cachoeira). Primeiro, tem ‘O Casamento’: em Amanhecer, a personagem de Kristen, Bella Swan finalmente se amarra ao vampiro-alfa Edward. Depois, “A Concepção”: depois de uma doce noite de amor em câmera lenta com seu imortal amante sugador de sangue, Bella fica grávida com sua criança metade-humano, metade-vampiro, filhote-de-lobo.





“Eu estava nervosa com a cena do casamento,” ela admite. “Quando olhei para o cenário com os bancos e as luzes, tudo o que eu podia ver eram todos em seus figurinos. Eu chorei. Deus, aquela merda de vestido!”





Embora ela possa arrasar com um maldoso e curto – curto – vestido para uma premiere, o vestuário de escolha de Kristen é justo, um Converse e uma camiseta velha de Rob Zombie. “Eu fiquei presa naquela coisa por uma semana, eu mal conseguia me mover. Mas foi incrivelmente ‘cerimonial’. Foi como num casamento.”





Não há dúvidas de que a jovem sentada à minha frente, bebendo uma cerveja devagar, com a fumaça de seu cigarro fazendo trilha até as árvores, está de algum forma transformada da adolescente que se demonstrou um pouco ingênua (palavras dela) nesta jornada completa há mais de quatro anos atrás. Lições foram aprendidas. “O momento principal, quando sabíamos que isto seria um grande negócio, foi na Comic-Com em 2008. Foi a primeira parte de divulgação de Crepúsculo que qualquer um de nós tinha feito, então não tínhamos expectativas reais. Tinha milhares e milhares de pessoas nos esperando. Aquele foi o momento em que sentimos o quão poderosa a coisa seria. Era eu, Robert, Ashley Greene, Taylor e só olhamos um para o outro e estávamos, “O que diabos está acontecendo?”.





Todas as esperanças deles (e medos) brevemente seriam realizados. ‘Crepúsculo’ estava destinado para ser tornar um terremoto trans-global completo da cultura jovem e Kristen, ao lado do britânico Pattinson, as principais estrelas do turbilhão, não duraram aos rumores de dúvida ‘eles estão / eles não estão em um relacionamento fora das câmeras’. O boato inflamado pela imensa base de fãs foi logo desmentido pelos cabeças da Summit Entertainment, a companhia que dirigi a adaptação cinematográfica. Nada deixa os executivos de filmes espumando pela boca do que a probabilidade de faturar com os jovens, os facilmente influenciados e realmente obcecados. Ou, como os fãs mais ardentes de Robert são conhecidos entre os domínios sombrios da internet, os ‘Robsessed’. “Daquele momento em diante, os caras do estúdio estavam andando com cifrões de dólares nos olhos. E então começou. A insanidade. Os calendários. As demandas. As entrevistas.”





O mais profundo dentro da franquia as estrelas foram lançadas, o imenso fenômeno Twilight decolou. Logo, cada aspecto de suas vidas estava sendo afetado pela sede de sangue descontrolada. “O maior salto pra mim, eu acho, foi ter segurança. E eu quero dizer, indo a todos os lugares com você. Simplesmente um cara grande ficando do meu lado o tempo todo. Seu nome é JB – este é meu cara. E ele poderia me matar por dizer isto, mas até ele tem um maldito fã site. Todas estas garotas o identificaram e agora ele é conhecido como ‘HBG’ (segurança gostoso)”.





Assim que ‘Lua Nova’, o segundo filme, chegou aos cinemas em 2009, Kristen e Pattinson descobriram que eles nem podiam deixar o hotel por medo de serem surpreendidos por um flash de um twihard. Imagens das estrelas fugindo pelas ruas de Nova York perseguidos por centenas de fãs chorosos, com mãos tremendo estavam através do globo. A atriz já temeu por sua vida? “Claro. Quero dizer, as pessoas são loucas. Todos fazem o que devem fazer para proteger suas vidas, mas seria falso pra mim sentar aqui e dizer que as pessoas não são loucas. Tenho certeza que muitas pessoas se esquivam desta pergunta para terem certeza que serão vistos 100% apreciativos o tempo todo e que tudo é sempre a coisa mais maravilhosa…mas no fim da linha, as pessoas são loucas pra ca*****! Eu teria sido muito feliz trabalhando de trabalho pra trabalho, pagamento meu aluguel um filme de cada vez. Eu nunca quis ser famosa assim. Eu nunca imaginei esta vida para mim.”





Kristen Stewart, uma californiana, tem trabalhado em filmes desde que tinha 8 anos. Desde o começo ela sabia que estava preparada para lutar e fazer o tipo de trabalho em que acreditava, ao invés de pegar o caminho mais rápido e ser vista em um comercial de cereal com um macaco falante. Não que ela sabia que tipo de atriz ela queria realmente ser, mas ela sabia que tipo de atriz ela nunca queria ser.





O seu primeiro papel propriamente dito foi no filme independente ‘The Safety of Objects’, originalmente um livro de AM Homes sobre disfunção e confusão em uma pequena cidade dos Estados Unidos. Kristen interpretou a filha moleca de uma confusa mãe solteira (Patricia Clarkson). “Eu consegui o papel em Safety… pelo fim da época em que eu achei que deveria continuar atuando. Quando criança, você faz testes para tantos papeis malditamente embaraçosos de merda — e minhas palavras seriam mais ou menos as mesmas naquela idade também…”





Você deve ter notado, Kristen adora falar palavrão. Algumas mulheres falam ternamente e outras não têm vergonha de falar. Com Kristen, a linguagem clara se encaixa perfeitamente em seu espírito independente.“Eu falaria tipo ‘De. Jeito. Nenhum!‘ Que é o porquê de nunca me oferecerem muitos desses papeis. Eu iria simplesmente passar reto pelas propostas. Mesmo quando eu comecei eu levava as coisas muito a sério; Eu não era do tipo de criança que gostaria de fazer um comercial de boneca ou fazer séries para a Nickelodeon. Eles me pediram para fazer coisas bobas, e eu não era uma criança boba.”





Kristen é notoriamente durona, tem uma vibe preguiçosa e seu temperamento é sempre comentado – ela sabe. “É divertido. Eu peguei uma mochila velha do armário outro dia, uma que eu costumava usar todo o tempo quando era uma adolescente. Está coberta de sinais anarquistas, todas essas falas e essas tachas de metal. E eu estava tipo, ‘Uau, você deve realmente ter gostado disso’. Apesar do que as pessoas acham, eu era como uma seguidora de regras na escola. Eu amava parecer tipo, ‘Hey, eu não me importo, tanto faz‘, mas se não entregasse meu dever de casa, eu entrava em pânico”





2001 veio e Kristen conseguiu seu grande papel em Hollywood, contracenando com Jodie Foster, escalada pelo influente diretor David Fincher em ‘O Quarto do Pânico’. É um obscuro, violento e inteligente thriller sobre um roubo mal sucedido em uma grande casa em Manhattan. “Foi difícil, e os takes não tinham fim, como você esperaria de David. Ele tem uma filha mais ou menos da mesma idade, o que fez nosso relacionamento bem mais fácil — ele sabia como lidar. Ele é intenso, mas eu nunca conheci nada diferente.”





Depois de O Quarto do Pânico, vieram uma série de papeis, a maioria pedindo a Kristen para atuar a complexa e inteligente adolescente protegendo seu rosto com seu grande cabelo escuro enquanto passava por algum tipo de crise, seja real ou existencial, hormonal ou qualquer outra. ‘O Silêncio de Melinda’ (2004) foi um filme televisivo sobre uma estudante do ensino médio que — depois de ser estuprada em uma festa por um garoto popular — pára de se comunicar através da voz com todos ao redor dela. Garantou à atriz de 13 anos um grande elogio dos críticos, não menos importante para a sua madura maneira de lidar com um assunto tão sensível.





“Eu definitivamente sabia sobre o que o filme se tratava,” ela diz. “E não por causa de nada que tenha acontecido na minha vida — não mesmo. Eu cresci em uma casa feliz





Outro, foi ‘Na Natureza Selvagem’ de Sean Penn, um filme de 2007 sobre a aventura real de Chris McCandless, um jovem homem que atravessou os Estados Unidos de carona no início dos anos 90 — na direção do Alasca — em uma tentativa de ficar com uma natureza melhor do que a que os seus pais ofereciam e ir a universidade e conseguir um emprego como todo mundo. McCandless foi interpretado soberbamente por Emile Hirsch, enquanto Kristen foi escalada para entrar em cena como a adolescente que tem uma queda pelo jovem sonhador. “Esses bons papeis são um testamento para os roteiros que me foram dados. Você teria que ser um pedaço de madeira para não ser capaz de se engajar com esse tipo de material.”





Enquanto ela fala, está claro que ela não é uma dessas atrizes escravas da mídia praticando uma parcela de auto-depreciação para seu benefício em nossa entrevista. Kristen tem, de fato, uma visão surpreendentemente fundamentada de seu trabalho, e sobre atuar em geral, talvez o que indica o quão fácil ela acha a ideia de se transformar em alguém que ela não é. “Eu não quero descreditar a individualidade de cada pessoa, mas eu acho que pessoas são mais ou menos a mesma coisa. Pessoas são muito parecidas. Se você tem uma imaginação boa o suficiente, você pode sentir coisas que pessoalmente nunca sentiu antes. Isso é atuar.”





Tamanha visão de sua escolhida forma de arte profissional (não que Kristen chamaria atuar de ‘forma de arte’) se espelha em sua visão bastante sombria de seu comércio quando era só uma novata.





“Eu acho que quando era mais nova, estava tentando muito soar despretensiosa. Naquela idade, eu era tão amargamente envergonhada e muito desesperada em não soar como uma total idiota. Eu não me sinto assim agora, de jeito algum. Eu acho que foi algo que ouvi meus pais dizerem.”





Os pais de Kristen trabalham na industria cinematográfica, como membros da equipe, atrás das câmeras.“Meus pais sempre me criticaram pelo quão fácil eu tenho isso,” Kristen admite. “Meu pai diria coisas do tipo ‘Oh, vai lá e sente no seu trailer, ensaie suas falas e vá mentir para viver.’ Foi algo que eu dizia quando era criança. Não se preocupe, eu tenho uma visão muito mais pretensiosa de atuação hoje em dia.”





Para ser perfeitamente honesta, eu poderia ter vivido a minha vida felizmente sem nunca ter passado por um minuto do fenômeno de Twilight. Os mortos-vivos não fazem isso por mim, você vê. Enquanto isso acontece, eu lidei com todos eles, com alguns talvez mais forcados que os outros, mas eles não foram feitos para mim tanto quanto foram feitos para minha sobrinha. Se eu tivesse uma sobrinha de 14 anos em abstinência pornográfica. Enquanto Kristen admite, “Twilight é como uma droga para essas jovens e inocentes garotas.” Falar com Kristen sobre os próximos passos em sua carreira, no entanto, faz com que ela fique também feliz em virar a página.





A adaptação de On the Road, de Jack Kerouac, está programada para estreiar em janeiro do próximo ano e Kristen foi escalada como a linda Marylou. Embora obviamente uma literatura beat é totalmente diferente do Twilight de Meyer, de novo é um livro com uma base de fãs considerável. Isso sem mencionar que é um dos mais importantes trabalhos na literatura Americana moderna. Sem pressão, então.





“É uma grande coisa para mim,” ela explica. “Claro, todos os atores pegaram a responsabilidade de trazer tamanho trabalho para as telonas muito seriamente. Mas nós sabíamos as nossas coisas. Walter (Salles, o diretor do filme) mandou. Nós tivemos um ensaio de 4 semanas onde nós fizemos um tipo de acampamento beatnik – soa um tanto tolo, mas foi demais. Nós dançávamos e ouvíamos música e ele nos botou pra assistir Shadows muitas vezes. Nós tivemos autores de biografias de Kerouac vindo e falando conosco, e a filha de Marylou – ou a filha de LuAnne Henderson (em quem Marylou é baseada) – veio para passar um tempo conosco e nos deu bastante conhecimento.” Kristen já era uma fã do livro? “Foi meu primeiro livro favorito.”





Kristen decidiu sair da escola regular cedo na adolescencia e mudou para estudar em casa, uma parte porque ela estava filmando muito e outra parte porque ela não sentiu que o sistema escola estava apoiando-a. “A escola se tornou desconfortável,” ela explica. “Eu estava me sentindo um pouco envergonhada com o negócio da atuação com meus colegas, mas meus professores também se tornaram um problema. Eles não queriam me dar trabalhos extras ou resumos para que eu pudesse me manter atualizada enquanto estava longe. Eles me fizeram fracassar. Meus professores me fizeram fracassar. Não um, mas todos. Eu estou sempre um pouco envergonhada, de um certo modo, sobre o que eu faço. Eu fico levemente envergonhada por ter tido sérias ambições quando eu era mais nova, eu só não imaginava que eu teria alguma razão para não ir a escola. Mas então aconteceu.”









Isso para Kristen, agora significa correr por aí em um cavalo no litoral inglês, enquanto segura uma grande espada na cara de Charlize Theron. Theron é a Rainha Malvada para a Branca de Neve de Kristen, numa interpretação gótica da história famosa que foi adaptada para as telonas. Kristen teve que malhar e se adequar ao papel, coisa que ela nunca teve o desejo ou o ímpeto de fazer. “Eu nunca malhei antes. Agora eu sou estou permitida a comer coisas de uma caixa. Funciona. Eu também me sinto mais energizada e forte. Levou um bom tempo para que eu me desse conta que eu era uma garota quando eu era adolescente. Naquela época eu nunca acreditei nisso de verdade. Eu me parecia com um garoto por um grande tempo. Agora, finalmente, eu me sinto como uma mulher.”







Snow White and the Huntsman está sendo filmado por Gloucestershire, embora Kristen está passando um bom tempo de aluguel em Notting Hill, em Londres. No dia anterior, durante as fotos para a GQ, ela explicou que estava ansiosa para ver mais do Reino Unido, já que “meu namorado é inglês”, embora quando eu toco nesse assunto de novo, o sangue desce para seus pés. “Eu nunca teria dito isso se soubesse que você iria me entrevistar.”



Eu honestamente não estava esperando uma reação tão defensiva, mas está claro que quando ela sente sua privacidade sendo invadida, Kristen rapidamente se transforma numa “Mamãe Tigresa”. O grande assunto, se você ainda não sabe, tem a ver com o fato de ela estar ou não namorando seu co-star de Twilight Robert Pattinson, o assunto que tem sido mais especulado do que a origem da certidão de nascimento de Barack Obama. Eu digo a ela que estou surpresa que isso ainda é um assunto a ser discutido, viso que as evidências estão lá para todos verem na internet – as fotos, os momentos, as fugidas no Natal… “É, eu sei que está,” ela admite. “Tanta coisa da minha vida é tão facilmente googlada. Quer dizer, é tipo, vamos lá galera, é tão óbvio!” Seu humor muda, talvez consciente do quanto ela já disse. “Mas esse assunto, eu não acho que você se dê conta que é uma grande coisa pra essas pessoas. Bom, é uma grande coisa. Eles ficariam tipo ‘Ai. Meu. Deus’ Teria também uma separação pela metade. Algumas pessoas ainda estariam, ‘Viu, eu te disse que eles não estão juntos.’”





Kristen está muito consciente dos fofoqueiros de plantão. Muito mais do que eu estou, me parece. Ela sabe os nomes: “Robstens” (aqueles que acreditam que Kristen e Rob estão juntos); os “Nonstens” (aqueles fãs que acham que eles não estão) e os “Fuckstens” (aqueles que dizem que não dão a mínima – mas na verdade dão). Eu pergunto para ela para quem isso é uma grande coisa? Para esses fãs? Para ela e Rob? Com o que ela está tão preocupada?





“Eu não me preocupo com tudo isso. Eu sou egoísta. Sou tipo ‘isso é meu!’. E eu gosto de deixar tudo que é meu deste jeito. É um joguinho divertido de se jogar. Eu sempre digo para mim mesma que não tem sentido e que não vai me fazer bem dar pra outra pessoa algo que já é meu”.





Eu digo que, talvez, depois da ultima parte de Amanhecer, as coisas vão ficar mais fáceis. “É, talvez. Digo, agora não é bem um pesadelo, é só mais uma daquelas coisas. Eu tenho certeza de que, quando eu casar e tiver um filho, as pessoas vão querer saber o nome dele e eu só vou dize-lo depois de vários anos, provavelmente. É essa a maneira que eu quero que as coisas sejam. Ele vai vazar, mas não vai ser por mim. Eles vão ficar muito putos, mas eu não vou dizer. Eu só vou falar ‘não!’. Eu também quero deixar escapar algo, mas eu aprendi que eu não posso. Não quando você percebe que o mundo inteiro está escutando. Talvez esse seja o motivo pelo qual eu pareço tão desconfortável nas entrevistas. Quero dizer, nós falamos sobre esconder as coisas e eu tive que ficar muito mais experiente nisso, infelizmente. Mas eu agradeço por não ser outra daquelas atrizes que estão prontas para se abrirem com todos”.





Existe algum aviso que ela daria à si mesma antes de se tornar mundialmente conhecida por Crepúsculo? “Geralmente eu não me preocupo muito com isso. Não se culpe por causa daquelas grandes cenas que não pertencem à você, tudo tem seu tempo. E sobre as entrevistas, conversando com o mundo… No começo foi difícil, sabe? Fazer isso…”. Ela sorri e nos aponta com os dedos acusadamente. Ela está brincando um pouquinho. “Você diz coisas todos os dias que vão ser para sempre, coisas sobre a sua vida que importam demais, eles te pegam fora de guarda, você reage de um modo estranho e parece que as pessoas te odeiam. Às vezes elas te odeiam de verdade”.





Sério? Você achou que os jornalistas te odiaram? “Na primeira vez, as pessoas agiram de forma agressiva comigo. Eu sei que foi em resposta a minha energia. Eu podia ouvir seus pensamentos. ‘Vamos lá, o que há de errado com você? Jogue o jogo’. Mas eu não sabia como jogar, não sabia que eu tinha e, sinceramente, eu não queria. Mas eu não queria ser desafiadora, eu só não estava preparada. E as pessoas reagiram de forma negativa. Eu era muito nova e fui pega fora de guarda. Eu fiz as pessoas ficarem muito nervosas. Eles pensam que você é uma fraude. ‘Ela só diz que é muito nova como uma desculpa: recomponha-se ou saia do negócio’. As pessoas falaram isso pra mim. Mas, er, que tal isso: eu sou um ator e não ligo pra porra nenhuma do que você fala? Que tal?”





Ela ri, acende um Parliament Light e traga, parecendo mais contente, mais leve, menos escondida do que no início dessa tarde. Como ela se sente? “Eu sou uma mulher de 21 anos tomando uma cerveja com a GQ. Eu estou aqui. Eu cheguei.”





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